"But that love you felt, that's just the beginning. You just got a taste of love. That's just
limited little rinky-dink mortal love. Wait till you see how much more deeply you can love
than that. You have the capacity to someday love the whole world. It's your destiny."


quarta-feira, 3 de abril de 2013

365

Estrangula-me.
        Falta-me um ano. Falta muitos sentidos e significações e solidões.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Afeto decantado


Frequentemente passo a adorar (com meus olhos e batimentos cardíacos) pessoas pelas coisas célebres que dizem. E “coisas célebres” são todas aquelas frestas de palavras que você sabe que, em algum momento, serão as únicas pelas quais poderemos escapulir.
Há alguns anos, plantei minha adoração e expectativas em um camarada aí, e hoje ele me salvou com aquela frase que por muito tempo eu nem lembrei já ter sido inventada: “quem fica está sempre mais pesado do que quem parte”.

Eu fiquei. Fiquei pesada, tentando ser leve.
Tentei ser leve pensando que você foi com um pedaço meu, reduzindo a minha carga, mas falhei em considerar o pedaço seu que aqui ficou. Não que ficar e ser pesado seja ruim. Nem que partir e ser leve seja bom. Mas são duas condições que, tentando profundidades, começo pouco a pouco a devorar e beber.

Muitas vezes imaginei que eu estaria mais devastada agora do que estou realmente. Então talvez meu sofrimento de véspera tenha afinado as lágrimas. Ou talvez eu hipervalorizasse as fragilidades. Mas também suspeito de que minha vastidão é devastidão disfarçada, ameaça constante de que algo vai ruir.
Sei que formamos hipóteses a torto e a direito, e pode ser que não cheguemos a lugar nenhum com nenhuma delas, nem com nada nas mãos.

Nas mãos, me falta aquelas palavras compridas, que deixam as esperas mais bonitas e o olhar cheio das coisas.
Sentimentos, esses não me faltam. Sentimentos eu tenho em alta conta. Dos feios, dos bonitos, dos quentes, adocicados e cansados. Eu os experimento com toda a força que me é permitida, por serem nosso mais inteiro contato. É a minha forma de ser amante, aquela que ama desesperadamente mais.

Eu, por vezes sou par, por vezes sou ímpar. É por isso que acho que eu precisaria de uma vida inteira pra entender a distância. Pra entender, aceitar, sorver com a pontinha da língua. Como não sei do tamanho da vida, eu corro. Espanando os pensamentos com os dedos.
Não sei se desejo que dentro de mim faça silêncio, mas, por agora, só faz falta. Como tudo aquilo que amamos demais faz muita falta e esvazia.
Li em algum lugar que o vazio também é a busca por redenção, e desde o início dessa história pensei que essa seria a minha busca pessoal pelo fortalecimento. Pois, quem sabe, redimida eu fique mesmo um pouco mais forte.

Certas noites, faz esse frio invernal dentro de mim. Como se nevasse. Como se eu tivesse me despido de todas as expectativas para nossos encontros e despedidas.
Sempre existiu esse jeito estranho de nos segurarmos, essa nossa cerimônia de apego. E penso que é bonito como isso contorna a dor, fazendo dela trilha pros nossos passos.
Não sei ao certo como se faz, mas vou aprendendo com os dias que não passam nunca e com as horas que esses relógios não marcam.

As coisas pequenas, longe de serem medíocres ou frágeis, são as que somem primeiro quando vem a distância. Por isso eu peço, toda vez que inspiro, toda vez que abro ou fecho os olhos, toda vez que penso na gente, pela benção de não perder as memórias. E é assim que o pequeno tem se agigantado na minha mente.

Dizem que a gente se acostuma com qualquer coisa, e eu penso muito nisso enquanto busco um lugar para o pequeno e para o vazio.
Algumas vezes, o que desejo mesmo é ter fixado meus pés em algum pedaço de terra por onde passei. Outras vezes, penso que todos os sentimentos do mundo já foram sentidos. E perco um pouco da graça.
Não quero me acostumar à falta ou à ausência. Da mesma forma como nunca me acostumarei – ou provarei com a pontinha da língua – a distância.
Quero que a ausência permaneça em cada centímetro de pele do meu corpo, em cada fio de ideia que eu venha a ter. Quero que seja a ausência a me acordar todos os dias, a costurar-se em mim mesma. Porque também faço suposições de que a canção triste que toca aqui dentro vai é romper o silêncio do mundo. E talvez assim o tempo passe, e deixe um tantinho de crescimento pessoal.

Vou descobrindo que é pesado para quaisquer braços manter uma presença em suspenso. Às vezes, tudo é vazio em excesso. Às vezes, tudo cheio demais de marcas que ficaram sem corpo. Uma parte de mim fica acorrentada em esperanças de não submergir. Outra parte, é livre de tudo. E no meio do caminho, não tenho certeza de nenhuma dessas coisas.

Por agora, eu bebo desejos fortes, temperados com o sal do que choro. Não devoro a distância e a ausência pensando que são propriedades minhas, mas porque são o meu alimento pra ser firme e dar conta do que vier. Mas, se vier você, estou pronta pra te amar até o fim, com todo o peso extra que você trouxer pra casa.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Crônicas de Alice

Você tem algo para dizer ainda hoje?
Já se passaram muitas horas em que você se manteve acesa, Alice... Quer me dizer algo ainda hoje?

Pede a benção de manter suas lembranças intacta, pede. Aqueles estalos de boca que preencherão o vazio, interromperão a ausência. Lembrança de dedos acariciando seu pescoço e trazendo sonhos, lembrança de ser agarrada pelas pernas, envolvida pela cintura, consolada em um ombro. Lembranças de respiração, enquanto seus lábios tremem de choro.
"Você tem que ser forte. Segura essas lágrimas."
Talvez eu chore por você, Alice. Quando as pernas fraquejarem, e você não for tão firme quando gostaria. Talvez tenhamos de revezar.
Pode dormir agora. É minha vez de ficar aqui, acesa. De alguma forma... oh, Deus... de alguma forma, acesa.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Começa com um comprimido. Devagar, para não morrer demais. E em algum momento vem o desmaio, um mal estar bem doce na boca.

Desejos de que falem de desejos, de que me consolem, de que os olhos firmem no horizonte. Ataco um pedaço de alma, e ele me beija em resposta. "Nessa horas a estrada responde", ele explica. "Vai com a vida".

Eu nem sabia que alma falava. Agradeço sem pressa. Vou com a demora.

Hoje acordei com a prima varrendo o sol. Ela tentou prender um raio entre os dedos, sorriso levado. Por fim, subiu na vassoura e partiu, a bruxa dos olhos mais açucarados de todos.

Espero uma resposta. Espero insistentemente uma resposta. Com a mão firme riscando rostos, pintando rachaduras e fazendo retratos.

Consegui ver florescer as plumas, só me esqueci de me desculpar com os mortos.

O dia veio pra que encontrassem um pouco da fuga nesse pedaço de mim. Levei ao fogo, amassei com as mãos e libertei meus passos, para que arrastassem o caminho que fosse.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Mechas de cabelo me enrolando o pescoço, sussurrando enquanto pressionam lentamente as veias: 'faz um tempo que você não fala de amor'.