Dálmata

Sabe o que me conforta?
Me conforta a ressonância dos seus passos que ainda ouço.
A janela fechada, mas no fundo eu sabia.
A lua cheia tornando mais brancas as pedras soltas, vibrantes sob as manchas da sua sombra. No grito agarrado em mim, meus olhos se abriam. Era horrível ser acordada por pesadelos. E depois, vinha o medo, o medo me abraçando com seus olhos de veneno, sussurrando em meu ouvido meus piores pavores. Me contava que eu estava sozinha no meio da noite, cercada por olhos fechados.
Tremia, eu tremia trêmula. Mas ele não sabia sobre você.
O medo não sabia sobre você.
E então surgiam seus passos, as pedras, a lua. A janela fechada, mas no fundo eu sabia, não estava sozinha.

Voltei a sonhar...
Não se preocupe com minhas noites. Estou bem. Me lembrando de você.
Uive para a lua, sombra de manchas, isso me conforta.